Congresso sobre o cérebro e emoções vai tratar do envelhecimento

Testes clínicos mostram que um inibidor da enzima BACE1 reduz peptídeos beta-amiloide no cérebro de pacientes com Alzheimer

30/05/2017

Por Mariza Tavares

O Congresso de Cérebro, Comportamento e Emoções, que será realizado de 14 a 17 de junho em Porto Alegre, vai para sua 14ª edição com a mesma proposta abrangente dos eventos anteriores: discutir não apenas ciência, mas também as relações humanas. É o que explica o médico Ricardo Nitrini, professor titular de neurologia da USP e um dos organizadores do encontro: “nossa proposta é expandir a visão dos participantes além das áreas em que atuam”. São esperados 5 mil profissionais para acompanhar mais de 130 palestrantes. A diversidade do congresso pode ser medida pela conferência magna, que será dada pelo escritor moçambicano Mia Couto, que vai discorrer sobre como os avanços da ciência podem levar a uma nova dimensão do entendimento do ser humano. A psiquiatra e sexóloga Carmita Abdo, por exemplo, fará uma palestra sobre a influência da era digital nas relações amorosas, mostrando as mudanças nos relacionamentos afetivos a partir das redes sociais e dos aplicativos de relacionamento. Outros destaques são as investigações de biomarcadores para males neurodegenerativos como Parkinson e Alzheimer. Embora ainda não sejam exames de rotina, os pesquisadores trabalham para detectar precocemente essas doenças.
 
No que diz respeito aos idosos, o doutor Nitrini diz que o Brasil tem problemas adicionais em relação aos demais países: “a falta de estrutura na saúde inclui a questão mental. Na minha área, que é a cognição, o que se vê é uma prevalência de problemas de comprometimento cognitivo e aumento dos casos de demência. Em países como Suécia, Holanda e até Portugal, o número de casos vem diminuindo, porque as pessoas se cuidam melhor. Os mais velhos passaram a se exercitar e a se preocupar com a gordura abdominal; a ter uma alimentação equilibrada; e a procurar algum tipo de atividade. No Brasil, temos um ambiente bastante desfavorável, de sedentarismo, baixa escolaridade e falta de convívio social, todos fatores que podem comprometer a saúde mental”.
 
Ele afirma que o conceito da reserva cognitiva, considerado um dos mais relevantes da atualidade, abrange toda a vida do indivíduo: “o cérebro se desenvolve desde o útero e depende de cuidados pré-natais, além de estímulos durante os primeiros anos de vida. No entanto, além desse desenvolvimento físico, o aprendizado e a cultura têm papel preponderante para dar mais resiliência e capacidade para lidar com os danos provocados pelo envelhecimento. Atividade física e intelectual é fundamental, a aposentadoria não pode ser no sofá”, resume o médico.
 
Imagem: Val Altounian / Science Translational Medicine (2016)

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