Desaparecimento de idosos gera alerta para saúde mental na velhice

O desaparecimento de idosos é mais comum do que se imagina

22/08/2017

Por Fernanda Neme

O desaparecimento de idosos é mais comum do que se imagina. Segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública do Paraná, que tem uma delegacia especializada no atendimento deste tipo de situação, 19 pessoas com mais de 60 anos foram incluídas no cadastro de desaparecidos desde janeiro no Paraná. Só em agosto, foram registrados cinco casos, dois envolvendo idosos da região. Um deles é do ex-vereador Valdevino Bertoli, 74 anos, de Apucarana, que não foi mais visto por familiares e amigos desde a manhã do dia 11 de agosto. 

O produtor rural vive com a esposa no Sítio São Bento, na localidade do Rio do Cerne. Segundo informações da família, Valdevino saiu de casa sem levar nada, deixando o carro e os documentos. Durante a semana, uma equipe especializada do Corpo de Bombeiros com apoio de voluntários realizou uma série de buscas na área, mas sem sucesso. As operações na região - que contaram com apoio de helicóptero e de cães farejadores - foram encerradas nesta semana e a família está organizando agora uma nova estratégia para tentar localizá-lo.

 “Acredito que ele não está na região do sítio. Por isso, a partir de agora vamos espalhar cartazes em todo o Estado, principalmente em Sertanópolis, que é a cidade em que o pai nasceu”, conta Marileda Bertoli Gaburro, filha do idoso. Segundo ela, a família acredita que Valdevino possa ter pego alguma carona e seguido para outra região. Segundo a família, Valdevino não tinha histórico de problemas mentais, mas um dia antes de desaparecer teve um lapso de memória. 

Outro caso recente é do também ex-vereador Afonso Lourenço Garcia, 71 anos, que por muitos anos atuou como barbeiro em Arapongas e está desaparecido há um mês em Maringá.Afonso usava no dia do desaparecimento uma a calça e blusa de cor escura, quando foi visto pela última vez nas imediações do Jardim Universo, cerca de 1 quilômetro de distância da casa da filha Adriana Garcia Bozine. Segundo Adriana, o pai sofre de Alzheimer e estava acompanhado quando desapareceu. “Meu pai foi ao mercado com minha mãe. Na volta, ele não quis descer na rua da minha casa. Disse que minha mãe estava enganada, que eu não morava naquela rua. 

Que ele sabia o caminho certo e foi descendo outra rua. Minha mãe foi acompanhando ele, tentando traze-lo para o caminho certo. Mas ele andava cada vez mais rápido para outra direção e eles acabaram se perdendo”, comenta. No dia 5 de agosto, mais de 300 pessoas participaram de uma força tarefa organizada pela família com ajuda da Guarda Civil Municipal e Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Defesa Municipal. Porém, a operação de resgate não trouxe muitos resultados positivos. “Nos dias de chuva e frio o coração aperta, mas não vamos perder a esperança de encontrar meu pai”, conta.

Doenças mentais pedem atenção especial de cuidadoresDoenças mentais estão entre as principais causas do desaparecimento de idosos. Segundo o psiquiatra Júlio Dutra, de Apucarana, entre as doenças, o Alzheimer é o mais comum. Idosos com esse histórico precisam receber atenção redobrada, pois a possibilidade de se perderem é maior.“A doença danifica as áreas da memória e os centros motores responsáveis pela locomoção.

 Com a evolução do Alzheimer, várias outras áreas vão sendo afetadas necessitando que este paciente seja cuidado 24 horas por dia”, alerta. Segundo o psiquiatra, mulheres aparentam ter maior risco em desenvolver o Alzheimer e estima-se que no Brasil tenhamos mais de 1,2 milhões de portadores de Alzheimer e sabemos que de cada 10 pessoas maiores de 65 anos umas até duas pessoas terão esta doença ao longo da vida.O médico ressalta a importância da família do idoso estar atenta aos sinais típicos do surgimento da demência.

Caso de perda de perda da memória, quando o idoso faz a mesma pergunta várias vezes, não lembra onde deixou objetos, ou consegue armazenar informações recentes e se esquece até mesmo do que acabou de fazer e do nome das pessoas mais próximas são sinais de alerta que a pessoa precisa de tratamento.“Por isso, é fundamental ter paciência e não levar para o lado pessoal situações que possam ocorrer. Outro sintoma comum é a mudança de humor o que faz o idoso tornar-se mal-humorado a alegre em uma questão de pouco tempo”, alerta. 

Fonte: TNOnline

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